Devido a fantástica teoria do “homem nasce, cresce, se reproduz e morre”, todos os homens chegam ao fantástico momento tão aguardado em suas vidas (ou melhor dizendo, nas vidas de suas companheiras): O CASAMENTO.
Uns casam-se mais cedo, outros mais tarde, mas é difícil fugir. Portanto meu amigo genético, pode ter certeza, você vai se casar um dia!
E quando este momento glorioso chegar, você terá que passar por uma série de procedimentos, que o farão pensar na vida e suas artimanhas. É natural, é até normal.
Um dos procedimentos são os exames pré-nupciais, onde você passa por uma bateria de exames diversos, que detalharão desde seu tipo sanguíneo até a sua capacidade de suportar a sogra. Pode acreditar nisto. Vejamos o que aconteceu comigo:
Estava eu num belo sábado prestes a cumprir os tais exames. Como manda a regra, mantinha um jejum total de 12 horas (o que não é nada fácil para pessoas acima do peso, assim como eu), e já começava ficar impaciente com a espera do consultório. Marquei o exame uma semana antes, para as 9h, porém só fui começar a fazer às 9:40h. Nada fora do comum no sistema de saúde.
Ao ser chamado pelo nome, entrei numa sala pequena, com uma cadeira e uma mesinha cheia de apetrechos hositalares, horripilantes. Atrás de mim entra a enfermeira, pouca coisa maior que eu (de altura e de largura), com um sorriso de orelha a orelha, certamente pensando - "Mais uma vítima". Ao vê-la lembrei-me da Whoopi Goldberg, não no filme Mudança de Hábito, mas imaginando ela protagonizando O Albergue. Ela delicadamente pediu meu braço emprestado, e prometeu que depois devolveria para mim em condições de uso. Cedi, temendo enfrentar algo ainda pior. Rapidamente senti uma picada na altura do cotovelo, e logo haviam duas ampolas de sangue cheias... Ufa, sobrevivi.
Saí daquele local, feliz por respirar, e finalmente recebi permissão para tomar café da manhã. Acho que até exagerei um pouco no café (coisa de gordo), com o pensamento de que tinha que me preparar para o próximo exame, que nem sabia qual era.
Ao ser chamado novamente, fui orientado a seguir outra enfermeira, desta vez mais amigável que a primeira. Ela me conduz até uma outra sala, maior que a primeira e com uma TV e um vídeo, além de um banheiro anexo, uma poltrona e uma cômoda. Penso no tipo de exame que farei ali, mas não consigo decifrar. Olho na porta da sala, e vejo uma placa ENORME, onde estava escrito, em letras garrafais - ESPERMOGRAMA.
Na hora pensei em como teria que coletar o material, e logo a enfermeira foi ditando as intruções - "Limpe a 'área' com este produto e estas gases, e tente evitar desperdício, derramando tudo dentro deste copinho. Se precisar de ajuda, tem vídeo na TV e umas revistas aqui nesta gaveta..." Falando isso, se retirou rapidamente do local, antes de eu perguntar - "Não tem nenhuma enfermeira especializada na coleta do material??"... Infelizmente não fui ouvido. Então fechei a porta e pensei no que fazer.
Primeiro, liguei a TV e dei o play no vídeo. Imediatamente aparece uma cena estranha... pense num exame de endoscopia, sabe? Coitada da mulher, estava até vesga, quase vomitando. Se a intenção era ajudar, acabou atrapalhando. Olhei para a poltrona encostada na parede, e pensei em quantos pacientes já tinham se sentado ali, com o mesmo objetivo que eu... acabei ficando de pé mesmo. Abri a gaveta das revistas, e um cheiro estranho saiu de lá. Pensei em acionar a vigilância sanitária.
Enfim, vi que teria um problema pela frente, e resolvi procurar a solução na mente. Afinal, ninguém poderia me oferecer uma mão amiga naquele momento.
Busquei em minha mente situações que pudessem ajudar, mas o momento não era propício. Minha noiva me aparecia com um cinto de castidade, minha vizinha bonitona tinha virado homem e todas as mulheres famosas bonitas, todas sem exceção, tinham se convertido ao celibatário e virado freiras. Tadinhas, tão fiéis.
Foi complicado, e comecei a conversar com meu companheiro lá de baixo. Pedi a ajuda dele neste momento complicado. Precisava dele mais do que sempre. Depois de muito debate, ele aceitou colaborar, e começamos um trabalho intenso. Quando terminei, estava roxo (eu) e suado. Pingando.
Chamei a enfermeira pelo interruptor que ela havia indicado, e em um minuto ela abriu a porta do cubículo. Pareceu-me espantada com minha aparência. Mas não tenho culpa de não ter notado que havia papel higiênico na minha orelha... E o suor, que não tinha como disfarçar. Mas ela deveria estar agradecida de eu só ter demorado 50 min para realizar a tarefa.
Ao sair pela porta, vejo que a sala de espera em frente está cheia. Lotada. Homens de 15 a 60 anos, todos me olhando com uma cara que dizia: "Eu sei o que você fazia lá dentro." Tento disfarçar e olho para o lado. Neste momento vejo que ao lado há uma sala igual a minha, com a porta aberta e um rapaz la dentro. Olho para ele, e para o potinho em sua mão. Coitado, suando como um porco. Nunca senti tanta solidariedade com alguém. Senti um forte impulso de ir até ele e apertar-lhe a mão, mas lembro-me do que ele acabou de fazer, e perco a coragem no mesmo minuto. Fiquei pensando: como ele é cara de pau, para vir aqui e fazer um exame como esse...